quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

CRÔNICA DO XICO

Vale a pena ler esta crônica que recebi por e-mail do Alysson Fernandes, conhecedor da minha estima pelos animais. Vale a pena ler.

BOAS FESTAS E FELIZ ANO NOVO, são os votos da Guaxu SOS Animal a todos os amigos e parceiros que contribuem incansavelmente para diminuir o sofrimento dos animais.

AOS BICHOS COM AMOR

Os animais de estimação são mais importantes no amor do que supõe a nossa vã filosofia. Importantíssimos.
Já terminei romances em que fiquei com tanta saudade da ex quanto do seu gato, cachorro e até dos ratos que roeram as nossas vestes do desejo.
Quando ainda morava no sertão, nos tempos pré-politicamente corretos, ficava morrendo de amor pelos tatus criados em fundo de quintais ou tonéis, preás de estimação, tejus, timbus, morrendo de amor pelos macacos e até pelos papagaios, dá o pé, louro!
Também já ocorreu de conquistar mulheres, ou pelo menos consolidar boas histórias amorosas, por demonstrar carinho e afeto com os bichanos. Como sair de casa altas horas da madrugada para comprar a ração do felino. E de quebra, trazer um patê especial para o danado.
Sim, o amor passa pelos bichos, eu acredito.
Uma mulher que afaga e trata bem o meu cachorro, meu corvo Edgar, meu papagaio Florbé ou minha gata Margarida, marca pontos importantíssimos, além de fazer o necessário, que é respeitar essas e inocentes e existencialistas criaturas.
Claro que essa forma de ver o amado ou a amada nos seus animais de estimação pode gerar também pequenos desastres. Uma amiga do Rio, por exemplo, evitava as gracinhas do cão do seu ex sempre que ele aprontava. Chegava a ser indelicada, grosseira, como se visse naquele labrador as pisadas na bola do seu dono. Acontece. Afinal de contas os bichos ficam um pouco, com o tempo, com os mesmos focinhos dos seus digníssimos "proprietários".
Além de tudo isso, pelos animais que possui se conhece mais um pouco um homem.
Sério.
O cara que cria um gato tem muito mais chance de ser um homem sensível, embora até enfrente um certo preconceito entre os seus amigos, que insinuam uma certa "veadagem", para usar o termo do qual abusamos nos nossos encontros masculinos de futebol e boteco.
O homem que passeia orgulhosamente com o seu pitbull pode até não ser um monstro, mas aquela focinheira já diz um pouco do seu dono, não? Não que o cão tenha alguma culpa, ele está no mundo dele. O erro é de que o desloca e o usa para exercícios de violência.
Mas voltemos aos gatos, esses metafísicos e misteriosos animais. Como eles dizem tudo sobre o amor e sobre nós. O casal briga e eles incorporam o barraco. O último que conheci a fundo, de uma ex-mulher, o qual ainda hoje vejo o vulto branco e tenho saudades, quebrava tudo, virava os objetos da casa pelo avesso, depois das nossas brigas.
Na harmonia e no amor intenso, lá estava ele, sempre aos nossos pés. Como eles adoram ver e sentir os cheiros da hora do sexo. Eta bichanos voyeuristas. Esse gato, especificamente, sempre se enroscava na cama depois das nossas melhores noites. Dava uma passava como se para cumprimentar-nos pelo afeto e pela performance. Era o seu "miau" de parabéns, como se dissesse, a nos arranhar de leve, "estão vendo como o amor pode dar certo, seus cachorros?!"

Xico Sá

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